terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Filme: Jogo de Cena - Um jogo de metalinguagem.


A grande inquietação do filme é a metalinguagem. Discutir os limites da interpretação, do olhar, da figura do espectador, e do diretor. Quem interpreta, revive ou recria? Já não há um parâmetro seguro para determinar quem é a personagem e quem é o ator, mas mesmo o ator é ator ou personagem? É uma personagem que finge ser ator interpretando uma personagem real? No entanto como dizer real? Ser personagem não carrega em seu bojo a característica de ser ficção?

O documentário longe de trazer soluções, problematiza. E o que se vê é um diretor-maestro que quando se posiciona no centro do palco também vira personagem; o diretor Eduardo Coutinho é uma personagem de um diretor brasileiro chamado Eduardo Coutinho que está produzindo um documentário, é mais uma vez nos vemos às voltas com a metalinguagem de um documentário mostrar – fazendo – o que é fazer um documentário.

No filme há apenas projeções. Reflexos de personagens criados no momento da fala da pessoa física, denominada pessoa real. O diretor parece rir da concepção de eu-liríco quando faz a própria pessoa ser personagem de si mesma. Mas quem é o real, quem é o ortônimo? Mas o ortônimo não é também uma personagem?

O documentário cíclico termina com a cena de um auditório que se projeta de tal forma na tela que o que se tem é uma extensão do próprio auditório onde a plateia se encontra; e os espectadores se veem dentro da cena, personagens de si mesmos, personagens de um público.

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