terça-feira, 30 de novembro de 2010

Achei graça

"Se não for hoje, um dia será.
Algumas coisas, por mais impossíveis e
malucas que pareçam, a gente sabe,
bem no fundo, que foram feitas pra um dia dar certo."

Caio F. Abreu

Esses dias, me disseram: não, não, não.
Quase ri.
A vontade era dizer:
vem, vem, vem


Vem?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

"Não te dizer o que penso já é pensar em dizer"


- Se eu te disser baixinho, assim, sussurrando bem devagarzinho todos os porquês de eu te dar minha vontade, você entende?

- Como você poderia me dar sua vontade?

- Porque minha vontade já é toda sua. Eu só tenho vontade de você.
                               

BrASAS


A Angélica é do blog Vórtice

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Nessa cidade nem tem mar e tu nao sabe escrever




A quebra de expectativa é sempre um choque. É engolir a seco uma ou duas roelas de  7 cm.

Muitas vezes a gente chega com um ar despretensioso. Colocamos as mãos nas costas, tiramos do bolso nossa melhor cara blasé e em frente ao outro, dizemos:

 - “Só o que eu queria saber era quem tinha quebrado minha garrafa, enozado minha tarrafa*”. Em outras palavras:  não quero nada, só esclarecer alguns pontos, só quero falar um pouco sobre as minhas coisas.

E de fato, nos expomos em toda a nossa fragilidade. Pegamos nossa trouxazinha de pertences e colocamos aos cuidados do outro. Não é grande coisa, mas com o tempo passamos a valorizar como se tudo dependesse dessa trouxazinha de pertences, dessa trouxazinha de personalidade, dessa trouxazinha de quem eu sou.

O problema é que o ar blasé não convence mais. E o saco de coisa nenhuma com os nossos pertences está encardido e a gente não tem mais nada, e o outro percebe isso. E quando o limite chega, quando se está farto de tudo, a verdade é posta diante dos nossos olhos:

- “Nessa cidade nem tem mar e tu não sabe escrever”.

O flagrante. Somos pegos nus. Despidos de toda máscara de auto-valorização. De que adianta isso? – o outro nos pergunta.

No ápice da crueldade que algumas verdades possuem, somos inquiridos:

- Aqui não tem mar, por que você está discutindo isso? Por que arrasta essa maldita tarrafa como se ela te adiantasse alguma coisa?

Não, aqui não há mar.

E, esclarecidos que aquele qualidade, aquela tarrafa-eu não adianta de nada, percebemos o quanto estamos perdidos:

- E tu não sabe escrever.

O que é isso senão a exigência do outro?

- O que você tem não me adianta, não nos adianta de nada. O que eu preciso você não sabe fazer. Não me despe em signos. Não (des)escreve meus pensamentos. Não me poetiza em ti.

"Nessa cidade nem tem mar e você não sabe escrever".  



* rede de pesca
A música se chama Pouco Importa do grupo Apanhador Só