terça-feira, 24 de agosto de 2010

Blog: Coisas e Coisas

Esses dias eu estava pensando em como falar sobre sexo é um coisa complicada. Primeiro, porque acho que é uma coisa que não foi feita para falar e sim para praticar, ooops, quero dizer que é um tema muito mais para área da pragmática que para a área da semântica. Sim, porque meu interesse é sempre sobre textos (cof cof cof).

O segundo motivo porque acho que falar sobre sexo é complicado é o equilibrio, não na hora de fazer, na hora de falar mesmo. Ou se cai na vulgaridade ou se cai no puritanismo, posturas essas que não acrescentam. Como, em geral, o excesso não acrescenta em nada.

Por isso eu achei muito interessante a proposta da Alinne do blog "Coisas e coisas". Ela fez uma sequência de textos calientes lá, e como todos os textos que ela faz, estes também são de muita qualidade. São textos de dar água na boca, se é que vocês me entendem. Ela já está no "capítulo oito", mas você consegue ler apenas um e entender, caso o tempo não dê para ler todos, mas eu sugiro a leitura da 'série'. Só lembrando que este gênero de texto não é novo na literatura e a Alinne, na minha opinião, acertou  a mão ao escrevê-los. Para ler é só clicar aqui que você conseguirá ler todos os textos agrupados.

Eu falo também sobre o assunto no blog Sob [nossa] lente, mas no caso, minha abordagem é sobre pessoas que escorregam ao contar suas intimidades. Para ir para o blog e ler, clique aqui.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Colhendo

A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau.
Mark Twain

Fico pensando como não notamos como construímos nossa vida passo a passo. Às vezes penso que é por causa da nossa educação, que separa tudo em matérias, frentes. A matemática é uma coisa, a física outra, redação outra e literatura outra coisa muito mais diferente ainda. Nos ensinam a ‘regra de três’ e noção de dimensão se perde, e mais, não conseguimos enxergar como aquela matéria afeta nossa vida.

E continuamos com essa fragmentação na nossa vida extra-escolar. Nossa vida cai numa rotina que faz com que muitas vezes não percebamos que as coisas têm uma consequência: ação e reação, lembra? Não temos aquela impressão, como nos livros, que aquele cinco minutos que saímos atrasados de casa pode ter mudado a história da nossa vida. Que aquele texto que deixou de ler será justamente o que cairá na prova. Que sua mãe ter dado um fora naquele dentucinho vesgo foi o motivo de você ter o pai que tem, até de existir, talvez. Vai saber. Mas a rotina, se não bastasse todos os males que ela já traz (alguns benefícios também, a rotina também é necessária), ela ainda gera isso: a sensação que suas atitudes, por não serem uma granada explodindo, não vão gerar nada. Que por não agirmos ativamente não existe ação. Mas a questão é que até na passividade agimos e é na desatenção da passividade que talvez as coisas mais ruins acontecem. Na passividade somos fantoches.

Hoje eu faço um balanço de algumas atitudes que tomei e vejo que mesmo quando “não tomei” coisas foram decididas, e hoje sofro – literalmente – a consequência.

“O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído” – nem sempre, o caminhão da responsabilidade pode te atropelar.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Imersão




Saiu do banho enrolada na toalha, com uma toalha de rosto enxugava os cabelos encaracolados que caiam pelas costas. Pegou o controle do som e apertou play, Assassin ecoou pelo apartamento. Adorava o John Mayer. Assim que a introdução tocou, ela parou de enxugar os cabelos. Com a toalha apertada entre as duas mãos balançava a cabeça no ritmo da música, lentamente, lascivamente. Sentiu o chão ficar em outro plano enquanto o quarto rodava. Sentiu a toalha escorregar pelo seu corpo e repousar sobre seus pés.

A música invadia cada cômodo, objeto da casa, estilhaçava janelas, secava seu cabelo.

Deixou-se cair na cama e ficou escutando os últimos acordes.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Caixa de Saída [1]

Amor,

Tenho algumas dúvidas, sabe? Não que não acredite que não possa ser feliz com você ou que duvide de nós, não. Se há alguém em quem eu acredito que um relacionamento conjugal possa dar certo, esse alguém é você. O que eu desconfio é da instituição, da definição. Do amor-acordado que estabelece as obrigações de ambas as partes independentes do que as partes pensem. Não acredito em necessidades pré-estabelecidas. Eu não preciso daquela cama king-size, sabia? Eu fico muito feliz com aquele sofá-cama estampado que sua avó te deu. Quem casa quer casa, mas nem caso e tampouco quero casa. Quero ser leal. E a lealdade está acima da felicidade, tanto minha quanto tua. Veja, eu até acho bonito quando vejo aquelas crianças em seus carrinhos alugados no shopping, mas eu não queria nem o shopping nem o carrinho alugado. O que essas vitrines têm a ver com crianças, meu amor? Nada, a não ser com a Maísa, mas acho que ela não vale.

Tenho idade pra casar, é o que todos dizem. E Deus sabe que não faço coro com Nelson Rodrigues quando ele diz que toda unânimidade é burra, não, acredito mesmo que deve ser uma espécie de sabedoria popular e que essa deve ser a idade na qual meus ossos e meus neurônios devem se adaptar melhor ao ritual sagrado que é o casamento, a rotina linda. Um compartilhamento, doação, não é isso? Claro que mulher faz um pouquinho a mais e trabalha fora, cuida das crianças, faz janta mesmo quando não tem fome, ora, são assim que as coisas são mesmo, acho justo inclusive, fomos nós, as mulheres, que demos a Adão o fruto proibido. E só foi quando pensei nisso, meu amor, que pude entender a maravilhosa lógica da igreja em não permitir relações homossexuais, afinal, como seriam distribuídas as tarefas diárias? É sempre para nos preservar, sempre.

E não acho que a rotina seja uma coisa ruim, de forma alguma. Quantas vezes vejo o desafio que é inventar pratos novos e saborosos usando a mesma batata e carne moída que seu pai compra toda vez? É claro que quando você sugere - porque EU sei que não são críticas - que sua mãe faça outra coisa porque você não comerá novamente esse gororoba que parece comida do cachorro (não a do seu, evidentemente, que ele só come carne picadinha misturada na ração), você está sendo magnânimo dando a ela a oportunidade de melhorar.

Sabe, e eu gosto tanto, mas tanto, da sua individualidade. Você não deixa de ser quem você é só porque estamos noivos, não, sai todos os fins de semana com seus amigos, fica até tarde no sábado dando a eles toda a atenção e como eu sou sortuda quando, no domingo, você fica até as 15h30 lá em casa (e tem que sair correndo para ver o jogo das 16h, mesmo assim, mesmo tendo que correr para ver o jogo, você nunca abriu mão de ficar comigo) e me manda um SMS dizendo que me ama, mesmo cansado depois do pagode do domingo à noite. Claro, você diz que não é para eu sair com as minhas amigas (as que eu tinha, porque elas sumiram um pouco) mas é sempre pensando em mim, porque o mundo está violento: “assiste o Datena pra você ver” é o que você me diz. E por dentro meu coração saltita por ter alguém que cuida assim de mim.

E é por pensar em tudo isso, de ver o quanto você é uma pessoa generosa, que eu não posso aceitar seu pedido de casamento: você é muito mais do que sonhei, você é bom demais pra mim.

Com amor,

Seu Cheirinho 

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sob [nossa] lente

Tem certas frases feitas, conceitos estabelecidos e comportamentos que me deixam ‘encafifada’. Muitas vezes eu mesma os repito por aí, sem maiores consequências, até que eu mesma me questione a respeito do discurso. Quantas vezes me pego exclamando: nada a ver isso!

E não dificilmente encontro outras pessoas que também questionam: questionam teorias, atos, a si e a outros. E desse exercício de reflexão resultou um blog. O nome dele é Sob [nossa] lente, porque não é apenas nossa visão, é nossa visão já filtrada e projetada de outras visões.

O nosso discurso é diálogo de outros.

Meu post inaugural é sobre o ‘sacrificar-se’ por uma relação. Será que isso é mesmo assim?

Clique aqui e visite o blog.



Beijos,

Dai