segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O dia em que Pedro foi embora

Conheci Pedro há três ou quatro semanas. Quando o vi, bastei trocar meia dúzia de palavras para medir minhas próprias palavras e tomar cuidado. Eis que eu tinha encontrado um vivo. Um gênio. Se existe um dom que eu admiro em mim mesma é de reconhecer gênios, pessoas acima de média, fora da curva, pessoas que farão a diferença no que quiserem fazer a diferença e é essa a definição de genialidade pra mim: conseguir ser muito significativo naquilo em que você se propor. As pessoas sempre esperam que os gênios descubram a cura para alguma doença ou sejam cientistas de física. Enfim, gênio é o Einstein, muitos acreditam, apesar de não saberem nada de teoria da relatividade e muito menos para que serve. Enfim.

Sei que quando o vi, o cataloguei como um vivo.  E sabia que a vida não cabia nele. Sabia que ele mesmo não cabia em si mesmo. Gente que se transborda. Gente que se expande.

E aí que não conversamos. E aí que não nos tornamos amigos. E aí que nada. Como alguém que descobre outro igual no mundo, ele foi.

E então descubro que ele partiu. Pedro se foi. Perto dos seus 30 anos, ele deixou a todos nós. E daí que me indignei. Que fiquei com raiva. Que chorei. Chorei como não choro em morte de parentes. Colegas, até. Chorei porque me doeu alguém cheio de vida ser estupidamente levado pela morte.

Então pensei que a vida pode ser muito miserável quando quer. É que para deixar a vida como ela é: medíocre, para que persista o equilíbrio da mediocridade a cada 100 zumbis que se vão, um vivo tem que partir. E foi assim que Pedro partiu - ele era esse um.