quinta-feira, 22 de julho de 2010

De Blog em Blog - Seguir

 A ovelha que baliu ou Eu sou uma ovelha e meu nome é Sucks
Tem gente que gosta de seguir, segue normas, regras, tendências, placas, a/o mulher/homem que corneia, blogs e twitts. Tem gente que segue e ponto. Tem gente que é UM SEGUIDOR (qualquer semelhança com alguma propaganda é mero acaso).

Veja bem, não acho que ser um seguidor seja um problema, afinal, não é qualquer reles mortal que será O seguido. Eu, por exemplo, sou seguidora, também. O patamar de Seguido é para alguns poucos que não seguem a trilha, mas abrem a trilha em meio a mata fechada da ignorância e previsibilidade. Seguidos é uma espécie que se camufla muito bem e é apenas com atenção que você o distingue. Quero dizer, às vezes. Porque você não precisa de maior atenção para distingui-lo entre uma espécie detestável: os seguidores-ovelha.

Os seguidores-ovelha são facilmente detectados, é só perguntar a eles algo sobre política que usarão como pausa de frase a expressão “a culpa é do capitalismo selvagem”, talvez com algumas pequenas variações como: “a culpa é do imperialismo selvagem” e, dependendo da região, terminarão com “a culpa é do capitalismo selvagem de méérrrda”, ou “a culpa é do capitalismo selvagem, daí”, ou “a culpa é do capitalismo selvagem, porra” e por aí vai.

Uma distição entre essa espécie é o gosto musical, eles se dividem em três grupos igualmente chatos que não aceitam influência [musical] de outro grupo. As três distinções são:

  - Seguidor-ovelha: ouço Belchior; 
 - Seguidor-ovelha: ouço Belo (e vez em quando eles pintam a lãzinha do topo da cabeça para se identificarem mais com o estilo ‘musical’);
 - Seguidor-ovelha: ouço sertenejo-universitário.

O nocividade destes três grupos é que eles não aceitam outro estilo de música, considerando uma ovelha desgarrada quem ouça outra coisa.

Os seguidores-ovelha sempre existiram, dizem que foi fundado por Adão quando comeu a fruta e disse todo afetado: a culpa é dessa Eva que o Senhor me deu, incompetente!

Mas agora a coisa tem se agravado, se não bastasse eles se reunirem em rituais fechados, cantando respectivamente: "Como nossos pais", "Reinventar" e "Chora, me liga", agora eles criam blogs. A parte boa é que eles dificilmente falam de músicas, política e qualquer coisa assim, na verdade, eles não dão muito a opinião sobre nada, quer dizer, falam sobre tudo mas não dão opinião sobre quase nada. Quando criam blog eles se reúnem novamente sob o bloco único “Seguidores-ovelha” e adotam o mesmo cunho para textos: o autoajuda – eu.sofro.mas.te.ajudo.

São textos que contam bastante sobre a vida 'particular' deles, como eles andam sofrendo com o descaso da pessoa amada, como a confiança deles foi traída por alguém amado ou como eles têm confiança em ainda encontrar a pessoa amada (e detalhe, acreditam em príncipe/princesa). Às vezes se arriscam em certos amontoado de versos a que denominam poesia, você facilmente reconhece pela recorrência de rimas com –ar e –er.

A situação só não virou calamidade pública porque são bichos inofensivos. Dado a previsibilidade característica, já foram mapeados os comportamentos e possíveis formas de abordagens. Um método simples de identificar é que esses seguidores-ovelha não leem textos com mais de 15 linhas. Outra forma para se prevenir desses seres é criar um e-mail e passar para a pessoa, se ela lotar sua caixa de e-mails com títulos similares a: "Para começar bem seu dia", "Assista e veja a vida bela", "Olhe as estrelas e agradeça"..., cuidado, você acabou de ser abordada por um seguidor-ovelha.


Com sorte (ou não) você talvez leia sobre o tema nestes blogs:
Abra o Bico
Geny Fiorella
Quero ser vermelho!!
No Lipstick
Brunacelia.com
Pensamentos diretos
Lugar de Maria
Carolina Motta - Marketing & Design
Vou de Scarpin

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Meninas Improváveis (re)apresenta: Ana B.


Não é mesmo uma apresentação. A Ana B. já está neste mundo da blogosfera há pelo menos um ano (no mínimo já que o No Lipstick  fez aniversário de um ano!), então não é uma apresentação, no  máximo uma reapresentação, porque acredito que todo contexto muda o texto e dentro do Meninas ela se apresentará de uma outra forma, mesmo que seja a maneira de sempre. Nestes casos o sempre é sempre novo.
E essa participação renderá grandes frutos, disso eu não tenho dúvidas. Pelos textos no No Lipstick já dava pra saber. Textos bem feitos, críticos (mas suaves), textos com posicionamento, coerentes e muitas vezes, irônicos. E tem que ser assim, é a intenção do blog.
Como sempre gostei de a ler lá, continuarei gostando de ler no Meninas Improváveis. E o post dela de hoje confirma que a escolha foi mais que certa.
Seja bem-vinda, muito.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Serendipity


















Caminhos paralelos se encontram? Às vezes sim, contrariando toda lei da física, formam uma intersecção, e neste ponto fatídico, perplexos, se olham, perscrutam um ao outro tentando entender os estranhos que são. Mas em meio a essa estranheza. Em meio ao estrangeirismo em país próprio, eles se achegam, aproximam, se aconchegam.
E tentam se traduzir.
Como já dizia Haroldo de Campos, o melhor a dizer é transcriação. E nesse processo de tradução-criação, cujo trabalho resulta sempre em nova coisa, já traspassada e transformada pelo grau da lente do poeta, que primando pelo objeto máximo, a palavra, traz à tona a importância da essência e não tão somente o texto, corpo-esqueleto.
Da mesma forma, nesse encontro de caminhos paralelos, a tentativa é traduzir para a língua do outro expressões que não existem na língua. É tentar condensar em uma única palavra em português a tradução de Serendipity.
E nesta tentativa de se fazerem entender, gesticulam, tateiam, arrancam do bolso seus saches de aromas. Inútil. O que conseguem é assinalar para o outro o seu país no mapa Mundi. O que se tem é um vislumbre da realidade do outro. Uma linda fotografia do ponto turístico do eu. Uma paisagem, nada mais.
Enquanto passam uma temporada juntos, neste intercâmbio de si mesmos, aproveitam o melhor que um tem a oferecer ao outro. Trocam postais, comem pratos típicos, riem do sotaque e se entendem.
Até que a falta de correspondências, embasamento, os assombre. Até que gesticulando, desistam “não era o que eu queria dizer”, concluem.
E fazem as malas. Prometendo trocas de e-mails, cartas e fotos. Só já distantes da bifurcação percebem que não anotam o CEP, nem Caixa Postal.


domingo, 4 de julho de 2010

Uma moldura

É ou não uma coisa bonita de se ver?


E hoje lá no Blog das Meninas Improváveis eu escrevo sobre isso.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

De Blog em Blog - Relógio

"Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira."

Mário Quintana

Eu conto a vida em versos. Essa é minha medida. É dessa maneira que vejo o tempo passar. Não conto a vida em segundos, o passar das horas não significam quase nada para mim. É claro que tenho que cumprir horários e prazos, mas eles são, para mim, convenções. Eles têm a ver com protocolos, que nada representam. Quero dizer, para mim , prazos e horários são coisas muito funcionais, mas vazios de sentido. O relógio é a mesma coisa, ele é o mordomo da convenção. O oficial de justiça da rotina. Marca o tempo da eficiência mas não da liberdade criativa.

Eu gosto de relógios. Muito. São acessórios, enfeites, pulseiras com maquininhas engraçadas com bigodinhos, ou um letreiro, dependendo do caso. E por isso, vivo atrasada, claro. Com alguém que vê o relógio como um acessório, uma espécie de brincos, não podia ser diferente.

Por isso que meu tempo é o poético, é o tempo rítmico, natural. O meu tempo é aquele que o pé marca quando ouve uma música. Meu tempo é aqueles ditados pelas rimas - e sobretudo - pela falta delas. O meu tempo é definido por épocas literárias, estéticas, vanguardismos. O meu tempo é Woodstock ecoando através dos tempos.

O relógio não me define, transito entre a atemporalidade do mítico e a lírica.