quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Nada de mais

Com o pneu da minha moto furado, sem tempo para arrastá-la até uma borracharia e sem coragem de pagar um guincho, fiquei andando de moto-taxi por uma semana e meia. Ontem à noite, saindo do trabalho, fui para o ponto de moto-taxi.

Falando no celular, Geraldo*, meu conhecido há alguns anos, na época que eu ainda trabalhava em outro emprego, também, próximo ao ponto que ele trabalha.

- Oiiee! – eu disse

Geraldo falava ao celular (coisa que só percebi depois) e olhou para mim, reconheceu, deu um sorriso e uma piscadinha amistosa.

Fiquei esperando que ele terminasse a ligação. Me aproximei da moto dele.

- Oi gata! Fazendo o que da vida?

Não gosto que me chamem de gata, mas com o Geraldo soava espontâneo, não reclamei.

- Tudo bem. Trabalhando e fazendo faculdade ainda, acredita?

- Faculdade é isso mesmo, leva tempo.

Apenas sorri.

- Tem como você me levar em casa – perguntei - só que eu não estou morando mais com a minha mãe, não. Estou morando ali para frente do COC.

- Opa! Que foi, casou?

- Não, não – disse rindo.

Geraldo soltou uma gargalhada gostosa. Aliás, não era só a gargalhada que era gostosa, quantos anos se passaram desde que eu o via trabalhando do outro lado da rua? Quatro? Cinco? Geraldo só tinha melhorado, deve estar agora no auge dos seus 30 e poucos anos.

- Vamos gata?

- Vamos.

Subi na moto, fiquei super tentada a dizer que me agarraria iria segurar nele, mas resisti.

Fomos conversando durante o trajeto. Ele é engraçadíssimo, uma voz linda, riso solto, fiquei pensando que era uma sorte mesmo o capacete não deixar a gente falar soprando no ouvido do outro, seria desleal.

Perguntei para o Geraldo se ele conhecia um borracheiro perto da minha casa e expliquei-lhe a situação. Ele me explicou direitinho como fazia para chegar em um próximo. Agradeci.

Parou em frente da minha casa. Desci da moto, perguntei o preço, ele me disse e eu paguei.

- Brigadão, viu?

- Ô gata, quer que eu veja isso pra você? Eu já tiro essa roda e levo pra você e depois te trago, quer?

Meus olhos brilharam.

- Poxa, vai dar um trabalhão.

- Nenhum homem fez isso pra você?

- Ah.... é que...

- Tá, deixa que eu levo.

Geraldo entrou na garagem e já foi pedindo as ferramentas. Ele se abaixou e acabou aparecendo o elástico da cueca boxer – preta.

Meu Deus, pensei comigo mesma, não é que o fetiche do mecânico é verdadeiro? Geraldo estava ali fazendo força, se sujando de graxa e eu salivando observando.

- Muito bom – deixei escapar.

- Que foi?

Pega em flagrante, respondi que era muito bom o fato de ele conseguir soltar a roda.

Tá, foi idiota, mas foi o melhor que consegui pensar na hora.

Ele usava um relógio bonito, masculino, imponente. E só Deus sabe o meu fraco com homens de relógio.

Finalmente (pena) Geraldo conseguiu soltar a roda.

- Pronto, onde eu posso lavar as mãos?

Geraldo tem um sotaque bonito, faz todas as concordâncias, ele é graduado em Filosofia, mas não quer dar aula, trabalha como moto-taxi porque rende uma boa grana, bem mais que se desse aula. Passei em frente ao sofá, pensei momentaneamente em jogá-lo lá, desisti, fui com ele para o tanque.

- Pegue o detergente na pia pra mim?

- Claro.

Peguei.

- Pode jogar.

Despejei um pouco de detergente nas mãos de Geraldo, ele começou a esfregar uma mão na outra. Fiquei olhando e por um momento pensei em ajudá-lo a lavar aos mãos, numa espécie de cena improvisada e adaptada de Ghost – claro, só faltaria o vaso de barro.

- Mais...

- Oi?

- Coloca mais detergente, por favor.

- Ah, tá.

Quando acabou de lavar as mãos, Geraldo jogou água no tanque para limpá-lo, para que não ficasse espuma suja. Quantos homens fazem isso? A maioria que eu conheço lava o tênis e deixa a espuma lá, encardindo o tanque.

Geraldo é pra casar.

- Se você quiser, eu já levo lá e te trago agora mesmo.

- Não, você não prefere amanhã? Quando estiver passando perto de um borracheiro, você conserta.

- Tá bom. Toma meu telefone.

Virei o verso do cartão, não, não tinha nada escrito. Deu um toque no meu celular para que ficasse marcado.

- Amanhã eu te trago o pneu, tá?

- Tá, muito, muito obrigada.

Antes das oito da manhã, Geraldo me ligou.

Esse é pra casar².

                            

9 comentários:

Orianna R. Alves disse...

Olha eu aproveitava a devolução do pneu, para dar um jeito de casar xcom ele. haushaushuahsuahsuahsuha
Beijos pra você.

Anônimo disse...

Ohhh lááá em ksa. Aproveita a dica da moça Orianna e se nada disso for tããão ficção assim, se joga!

bjos, ú&e =*** Sucesso!

Déia disse...

Ui.. que delícia !! rsrsrs

Ve se agarra o cara na volta! rs

bj

disse...

A primeira coisa que me veio em mente foi uma cantada de pedreiro
pena que seu negócio é com mecânico :P

Raquel de Carvalho disse...

uauuuuu!!!!!
é pra casar mesmoooo!!!!
kkkkkkk
Adorei a historinha!!!!
Beijos

disse...

Nossa senhora da bicicretinha hahaha se fosse um Geraldo desses parecido c essa foto com ctz a gte casa kkkkk
Adorei a história rs
Bjooo

Elaine Gaissler disse...

kkkk... É só historinha?! Peeena!!! rsrs
Abraço.

Daniel Savio disse...

Hua, kkk, ha, ha, não tem muito que acrescentar ao comentário da Déia...

Fique com Deus, menina Dai.
Um abraço.

Unknown disse...

Nossa, nem precisava casar. Adoro fetiches assim...

:)