terça-feira, 6 de julho de 2010

Serendipity


















Caminhos paralelos se encontram? Às vezes sim, contrariando toda lei da física, formam uma intersecção, e neste ponto fatídico, perplexos, se olham, perscrutam um ao outro tentando entender os estranhos que são. Mas em meio a essa estranheza. Em meio ao estrangeirismo em país próprio, eles se achegam, aproximam, se aconchegam.
E tentam se traduzir.
Como já dizia Haroldo de Campos, o melhor a dizer é transcriação. E nesse processo de tradução-criação, cujo trabalho resulta sempre em nova coisa, já traspassada e transformada pelo grau da lente do poeta, que primando pelo objeto máximo, a palavra, traz à tona a importância da essência e não tão somente o texto, corpo-esqueleto.
Da mesma forma, nesse encontro de caminhos paralelos, a tentativa é traduzir para a língua do outro expressões que não existem na língua. É tentar condensar em uma única palavra em português a tradução de Serendipity.
E nesta tentativa de se fazerem entender, gesticulam, tateiam, arrancam do bolso seus saches de aromas. Inútil. O que conseguem é assinalar para o outro o seu país no mapa Mundi. O que se tem é um vislumbre da realidade do outro. Uma linda fotografia do ponto turístico do eu. Uma paisagem, nada mais.
Enquanto passam uma temporada juntos, neste intercâmbio de si mesmos, aproveitam o melhor que um tem a oferecer ao outro. Trocam postais, comem pratos típicos, riem do sotaque e se entendem.
Até que a falta de correspondências, embasamento, os assombre. Até que gesticulando, desistam “não era o que eu queria dizer”, concluem.
E fazem as malas. Prometendo trocas de e-mails, cartas e fotos. Só já distantes da bifurcação percebem que não anotam o CEP, nem Caixa Postal.


8 comentários:

Lucão disse...

Que coincidencia agradável, Dai!
Aqui, como as diferenças os distanciam, mto bem argumentado...
Serenepidity...
literalmente, o que é?
segredo?

:)

Casa de Mariah disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Casa de Mariah disse...

é o amor que fica pra sempre...protegido da dura convivência das escovas de dente dividindo o mesmo copo!

Daiany Maia disse...

Por alguma falha do Blogger, os comentários de vocês não estão aparecendo aqui, apenas no meu e-mail.

Mas eu quero agradecer a todos que têm comentando, obrigada. Os comentários de vocês muitas vezes dão um novo sentido ao texto.

beijos

Luna Sanchez disse...

Tudo pode ser um grande engano, então?

Dói, quando é assim...

Beijo, beijo.

ℓυηα

Eraldo Paulino disse...

E como jamais a lógica e a loucura deixarão de se amar... o amor será mais ou menos esse caos mesmo.

Bjs!

Raquel de Carvalho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Raquel de Carvalho disse...

Pro amor não tem regras, limites, fronteiras, tudo é possível! E se possível não for mais, tudo bem tb, segue seu caminho!!!

ehehehe

:)
Beijos!