Às vezes a gente queria poder colocar todas as coisas no lugar, os pingos nos is, nomear tudo o que sentimos e, sobretudo, o que as pessoas sentem por nós.
Queremos nomear as coisas, porque dando os nomes, encaixamos em um rótulo para ver se assim conseguimos manipular, fica mais fácil tentar encontrar o manual de instruções.
Mas (in)felizmente a vida não é assim, as coisas são imprevisíveis e o máximo que podemos fazer é seguir nossos passos com a maior coerência possível com aquilo que acreditamos.
Pois bem, e porque eu cheguei a essa discussão? Porque achei curioso a distinção feita pelo Lucão. Ele dividiu o amor em três tipos: o Amor Traído, o Amor Adiado e o Amor na Prateleira. E para não ser injusta com ele, quero deixar claro que ele acredita em outras facetas do amor, inclusive a do Amor Doação, mas que até o presente momento ele ainda não escreveu de forma direta, mas se o leitor prestar um bocadinho a mais de atenção vai poder sentir uma nuance dele no Amor de Prateleira, seja como for, qualquer hora surgirá por aí o Amor Doação na íntegra, tenho certeza. Além do mais, esse post tem um Q de lúdico, e eu apenas usarei as lindas imagens do nosso Lucas-Leminsky como pretexto para devanear.

E quantas vezes a gente faz isso mesmo? Se enche de coragem para falar aquilo que sentimos e na hora... pulamos fora? Passamos dias e dias pensando no que sentimos, no que achamos que o outro sente e depois mais horas ensaiando a frase certa para falar, damos aquele suspiro, sorvemos a coragem, seja em forma de conhaque eu estado puro e tchãrãm....nada! Enfiamos a coragem no bolso como trocado e ficamos apenas com a lembrança do gole. E traímos o amor que sentimos.
Não precisa ser perfeito, não é? Moreno, olhos claros, 1,80 de altura, 3 palmos e meio de costas, pernas bem torneadas, barriga definida, sorriso atraente, inteligente, divertido, que saiba ser conveniente, uma belezinha naquelas horas que a gente não pode detalhar antes das 22h e saiba trocar torneiras, lâmpadas, pneus, chuveiros e usar todos os acessórios que vem dentro da maleta de ferramentas. Só isso.
Só isso??? Quanto tempo perdemos projetando o homem dos sonhos quando, as vezes, ele está bem ali te dando oi. Não sei porque a pessoa do nosso Amor adiado não encontrou o ser amado, mas seja como for, se você suspeita que encontrou o seu - não adie.
E depois de ter trocado o amor pelo conhaque, depois de tê-lo dobrado com todo esmero e enfiado no bolso, depois de vendê-lo por coisas mais 'urgentes', a gente percebe nosso erro. E vê que aquela velha máxima 'para colher é preciso plantar' é verdadeira. E mudamos nosso olhar e, em vez de focarmos em nós, direcionamos o olhar para o outro, e aí as coisas começam a dar certo. O amor não quer saber teorias, teoremas, suposições, o amor é pragmático. O amor quer que você o tire da prateleira e o consuma.
Se consuma.
Obs.: Lucas, emprestei, tá?
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Hoje lá no Céu eu falo sobre três filmes do cinema expressionista alemão, já assistiu algum?