quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Mi maior.

Tirou lentamente o violão da capa, metodicamente, sem pressa. Abriu o zíper como quem despe uma virgem. Colocou o instrumento sobre o colo, abaixou a cabeça levemente inclinada e começou a afiná-lo.

Sentada em um monte de almofadas ela o olhava enquanto ele ritualmente afinava o violão. Reparou em seu jeans surrado. Ao lado dele uma pequena fonte escorria água sem sossego. Seus olhares se encontram. Pronto, o violão estava afinado.

Ele começou a tocar enquanto ela fazia o que mais gostava: admirá-lo. Dedilhou alguns sambas, tocou algumas bossas, e depois… sem que soubesse o porquê, ele tocou um rock antigo, segurava firmemente o braço do violão enquanto com o próprio braço o abraçava pelo meio, na altura das cordas, não com o ombro apoiado no instrumento, mas com o ombro atrás dele, e essa cena a inflamou.

A água borbulhava na fonte.

A cada batida que ele dava no violão era como um toque em seu corpo.  A velocidade impressa por ele na música imprimia em seus sentidos, o desejo.

Levantou-se de onde estava e foi até ele, começou a afagar-lhe os cabelos, passar os dedos em sua nuca, parou com as mãos no ombro por alguns instantes, abaixou-se um pouco e deslizou as mãos pelas costas. O sentiu arrepiar.

Não parou a música, que era a maneira dele retribuir os carinhos. No entanto, a música parecia cada vez mais frenética, e já não sabia se o que ele tinha no colo era o corpo do violão ou o seu próprio.

Os corpos tremiam, as cordas vibravam e o som assonante ecoava pela casa.

Deu  a última nota.

7 comentários:

Amigo Gay disse...

Uau!!!! Amei!
Adorei o requinte, muito-muito bom! Vontade de voltar a escrever!
Beijo grande e parabéns pela veia pulsante!

Daiany Maia disse...

Amigo...

Fico feliz, de vdd, que tenha gostado. Quando a gente decide se expor num blog sempre é uma coisa delicada, né? Eu ainda estou tateando na escrita, me engastalho as vezes com coisa pouca, as vezes com coisa muita...rs
Voltar a escrever?! Como se todo mundo já não adorasse o que vc escreve..rs
beijo

Anônimo disse...

Olá Maya,

Estou aqui retribuindo sua visita ao meu blog e agradecendo as palavras gentis. Assim como você, eu também respondo a todo e qualquer comentário deixado lá no Sem Rédeas. Essa é uma mania minha e não um compromisso. A propósito, o seu comentário já foi respondido... rsss
Gostei do seu texto que, ao meu ver, só pode ter sido escrito por alguém que realmente toca o instrumento. Esse é um detalhe legal, entre outros que eu percebi. Uma deliciosa dança de carinho, desejo, sensualidade e amor. Parabéns, vc tem talento.

Beijinho.

Ivan
Ah, falando em amor, tenho um outro blog. Nesse nao respondo aos comentários... rss
www.amordepapelao.blogspot.com

Daiany Maia disse...

Ivan,

Que bom que gostou! Nada como ouvir de alguém que a gente tem talento, mas quando se ouve de alguém que tem o talento que a gente queria ter...daí é melhor ainda!

Valeu, meeesmo.

Bjos.

Fiquei visitante assídua já!

Luna Sanchez disse...

Intenso, elegante, convidativo, sexy.

Gostei muito, muito do texto, parabéns!

Obrigada pela visita, por me acompanhar, eu também estarei por aqui.

Um beijo, bom final de semana.

ℓυηα

[P] disse...

Ah, eu consegui ver a cena, ouvir a música, sentir o clima... muito bom o teu texto, Maya! Gostei daqui...

Um beijo!

[P] disse...

Um ps: JURO que aceitei teu comentário, mas não sei onde ele foi parar. Você comentou naquele último post do meu blog mesmo ou foi em outro mais antigo?

:)