Que horas eram? Olhou a tempo de ver Cuauhtlehuanitl. Arrastava-se num infinito de areia, simetricamente sem forma, o rosto salpicado de areia fina. Confundia suas formas… a areia era uma extensão de si mesmo.
O Sol ardia em sua pele. Por que parara ali? Como havia se perdido dos outros? Agora tudo não era mais que uma névoa, algo muito difuso, uma linha tênue entre a memória e a realidade.
Quando tivera a ideia brilhante de fazer essa viagem? Esse arroubo de aventurismo? Não passava de um bancário, porque se metera nisso, meu Deus!
Agora encontrava-se ali, com Helios sob a sua cabeça, no auge do seu poder, oprimindo-o, dilacerando-o.
Fixava seus olhos ao longe, à espera da caravana salvadora, mas ela não aparecia, não vinha, não o salvava.
Conseguia sentir o mormaço, aquela presença esmagadora do calor, já não podia mais consigo mesmo, foi quando viu um falcão. Um falcão? Era a vertigem, não havia outra explicação, um falcão gigante, imponente, acima do bem e do mal. Era Atum zombando dele, da presunção de pisar em um terreno que absolutamente, não era o seu.
Começou a sentir a areia se movendo, o que era aquilo à frente? A areia escorria em aspiral, desesperado ele corria na direção contrária, tinha que ser rápido ou seria engolido, iria escorrer junto com a areia para aquela ampulheta sem fim.
Conseguia ouvir as asas do falcão batendo, era o som das gargalhadas dadas por Rá.
Queria um enigma, algo que pudesse mudar sua sorte, “Decifra-me ou te devoro”, ele seria capaz de resolver… queria uma esperança.
Deitou–se de costas para a areia, olhava o céu límpido, claro, sem nuvens, viu Apolo com seu carro majestoso cortar o céu, ficou horas a olhar.
Então, viu Cuauhtemoc desaparecer.
Murmurava 33 graus, 43 graus, mil sóis, enquanto procurava o cantil de água.
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