Os galhos vergavam sob o vento. O breu se instalara assim que os ventos chegaram. A ventania percorria toda a propriedade, com força, agressividade e pressa. O vento corria como se estivesse atrasado. Talvez estivesse.
Os animais ofegantes, se amuavam, se esprimiam uns contra os outros. Nos olhos deles: o medo.
Os ventos uivavam como lobos nas estepes e a sensação de presságio era a mesma. Não se via nada, os troncos das árvores eram apenas silhuetas trêmulas. Apavoradas.
O vento castigava toda a vegetação com açoites. A mata verde-musgo empalidecia diante do sopro titânico, não se ouvia nem um canto de pássaro, nem mesmo o de alguma coruja agourenta.
O lampião, há muito apagado, balançava de uma lado a outro, como o badalo de algum sino de uma cadetral barroca.
Pela fresta da porta incidia uma luz tímida, amarelada, que parecia ter sido curtida pelo tempo, uma luz velha como uma papel surrado no assoalho da varanda.
Uma cadeira de vime, tão antiga quanto o próprio casarão, balançava embalando alguém que não se via, virada para a plantação parecia deixar aquele que estava sobre ela a par do estrago que era feito pelos ventos.
De dentro da casa ouvia-se o estalo da lenha trepidando no fogão, além disso… mais nada.
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