segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Me enfia na mochila, Clooney?

Estou atrasada com os lançamentos do cinema, portanto fui assistir Amor Sem Escalas apenas esta semana. E me digam, o-que-que-é aquele homem? O George Clooney está mais velho, é verdade. Mas é justamente nessas horas que a gente vê que não é um privilégio exclusivo do vinho melhorar com o tempo. E eu sorveria até a última gota, de ambos.


Eu fui à espera de uma comédia romântica e na verdade o filme é um drama, leve, mas é.

Vou comentar só um aspecto do filme. Ele já tem seus 40 e tantos anos e nunca casou, e o filme vai trabalhar com essa oposição entre 'curtir' a vida e não se prender a relacionamentos com casar e construir uma família, entre outras coisas. Como estou me esforçando para não contar o filme, quero questionar apenas essa oposição.

Será que tem que ser assim? Ou você é bem-sucedido e trabalha com o que lhe satisfaz (que no caso dele não necessariamente o deixa feliz, mas ele gosta de poder viajar e etc.) curtindo boas oportunidades que aparecem ou você casa e vai viver uma vida sem grandes emoções, mas pelo menos tem uma companhia?


Quero de fato acreditar que dá para conciliar os dois, não a parte dos relacionamentos calientes nas viagens, claro, que aí já seria demais (seria? Ops, claro que sim), mas falo da parte de fazer o que gosta e não ter que seguir a ordem que o próprio futuro cunhado do Clooney afirma, que é: nascer, casar, ter filhos, que casarão e terão filhos, que serão seus netos e por fim, a morte. “Qual é o sentido disso?” o cunhado se pergunta. Eu também não vejo nenhum, não assim, não desta forma.

Parece-me que entre uma coisa e outra tem que haver o meio termo. Quero dizer, que tem que haver uma forma de ter um pouco de adrenalina e mesmo assim constituir uma família. Sei que há pessoas que acreditam que não há missão mais sublime do que a de ser mãe, pode até ser, mas e até lá? E durante? E depois?

Eu conheço muitas pessoas que me dizem: é assim mesmo, você tem que se anular. Tem mesmo? Mas e se existe outro caminho e simplesmente ele não é o mais trilhado? Esses dias a Luna, respondendo a uma pergunta, disse que ela preza pela individualidade, que em um relacionamento tem que ser 1+1=2, e que não entende quando pensam que 1+1=1. Eu também não. E para mim a conta continua, 1+1=2+1=3. E é dessa forma que eu acho que uma família se forma: somando e não subtraindo.

O bonito das pessoas não é justamente a singularidade de cada uma? Então por que o nivelamento? Por que se anular se justamente o que chamou atenção do ser que te pediu em casamento foi sua maneira de ser? Quando se anula, como determinar com absoluta certeza que o essencial não está indo pelo ralo também?

No filme a personagem de Clooney tem a vida que quer, mas chega uma hora que a vida que tem não lhe basta e então ele busca por outro estilo de vida, o desfecho dessa busca pode ter sido considerado por muitos um fracasso para ele, mas para mim não foi, para mim foi apenas a primeira tentativa que não deu certo, mas agora que ele percebeu que quer algo a mais, ele pode encontrar. O importante é seguir o próprio ritmo, não adianta querer seguir um ritmo imposto, você tem que perceber e acompanhar o compasso, assim se atinge a harmonia.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Entrelaçando pernas.

No último post eu disse que estava com ideias borbulhando na cabeça, e apesar de serem outras, acabei por me surpreender com um convite muito, mas muito, eu disse muito-extremamente, especial.

Fui convidada a entrelaçar minhas pernas com outras 12 pernas. E se você já está com dor de cotovelo, não se preocupe e se lembre que é apenas um entrelaçar de ideias.

Estou conhecendo 6 mocinhas excepcionais, inteligentes, com senso de humor e leves sem serem superfluas. Acreditam? Pois é, só sei que é assim...

Eu tive o privilégio de ser convidade a integrar o blog A Céu aberto - da Boca e postarei toda sexta-feira. Faça Lua, faça Sol, me encontrem por lá!

Vamos voar?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Mulher-bomba.

    Ideias borbulhando na cabeça. Eu já sou subversiva, com ideias na cabeça viro mulher-bomba.
    Aliás, adoro a palavra subversiva, é sonora, suculenta. Adoro a sonoridade das palavras. Por exemplo, a palavra COPO me seduz, primeiro o CÓ e depois o PÔ explodindo nos lábios, uma delícia. Mas meu interesse agora são as ideias e não a Fonética, deixemos de lado qualquer tentativa de enjaular o som.
    Voltando ao mundo das ideias (não o de Platão, porque já estou farta dos gregos) e sim o meu mundo das ideias, que está mais para o Fantástico Mundo de Bob, do que para o do senhorzinho do mito do Batman, digo, da caverna.
    Então, hoje estava eu a conversar com o meu açucarado amigo Ivan - que, inclusive, tem mais referência o citando do que muito acadêmico por aí -, e me veio muitas ideiazinhas interessantes na cabeça, e ainda para ajudar, estou aqui lendo um livro que se intitula O gozo criador.
    Sugestivo não é, senhoras e senhores? Mas o gozo é o criador, que tem em si a qualidade intrínseca do ‘prazer ao inventar’, é claro que o Perez, autor do livro citado, vai de Freud à Lorca, mas quero ficar aqui apenas com a ideia do prazer ao se criar algo.    
    Pois então, estou com aquela vontade absurda de entrelaçar minhas pernas mentalmente com outras pernas. Não, o que tenho em mente não é um vuco-vuco virtual, e sim, a vontade de entrelaçar as pernas das minhas ideias com outras pernas-ideias para ver o que dá. Para ver o que se nasce disso.
    Grandes expectativas.
    Sempre tive como pilares essenciais da minha vida a literatura e a música, depois o cinema e a escrita. E mais tarde, o vinho. Se a ordem tivesse se invertido, vai saber o que teria ocorrido. Mas o fato é que todos esses elementos agem de fora para dentro, e em poucos segundos viram um mão dupla na qual ao mesmo tempo em que se assiste, você é assistido. Como diria meu bem-humorado Nietzsche “Quando se olha muito tempo para o abismo, o abismo olha pra você" e para mim, esse abismo é qualquer coisa na qual se possa se perder. Toda arte é.
    Já fui muito tempo olhada pelo abismo.

    Neste momento, virei, o encarei (olhando bem fundo em seus olhos profundos) e lancei:
- Tá olhando o que?
    Primeiro ele se assustou, mas depois sorriu – sabia que era mais uma para alargar suas profundezas.
 
    Pronta para gozar. Da experiência criadora, obviamente.